domingo, 4 de agosto de 2013

Vamos voltar as ruas?

Muitos tem se perguntado: Mas o que tá acontecendo com o Brasil? Com relação aos grandes acontecimentos, dos últimos dias. Acontecimento que já tem sido chamado de Outono Brasileiro. A realidade é o povo tá na rua. Mas por que agora? O Que foi que aconteceu
Quem quer que seja que assuma a posição de dizer: é em função disso ou daquilo, está redondamente enganado (e isso também é opinião - a minha), pois creio que temos muito que entender. Creio que a melhor atitude é a de perplexidade diante disso. Eu enquanto professor, educador, não estava a frente daqueles que estavam nas ruas, na maioria jovens. Nós estamos diante de um novo tipo de manifesto, que não segue linha nem tendência nenhuma. Não se sabe quem está a frente. Dizer que é a esquerda não é verdade, dizer que é a direitona - bobagem maior ainda uma vez que os mesmos estavam atônitos, perdidos e davam paulada pra todo lado, tentando levar o movimento em direção a diminuir os índices de aprovação de Dilma. E mais uma vez deram com os burros na água. A verdade é que estamos diante de um tipo de movimento que não se enquadra nos manuais clássicos de análise, pois não tem direção, não há organicidade, não está fundamentado em teorias, não tem bandeiras, nem carro de som. Os dois últimos grandes movimentos de massa no país foram: Diretas Já! (1984) e Fora Collor (1992) que tiveram a hegemonia da esquerda. Mas esse movimento atual até a esquerda foi pega de surpresa com o furor das ruas. E já colhemos (também me incluo) resultado, Dilma e o governo federal em junho conversou, não com partidos, centrais sindicais, ONGs ou MST, mas sim com os jovens do passe livre. Eles foram ouvidos. Daí se percebe um resultado, uma consequência das ruas movimentadas: quando o povo vai para rua é ouvido. E detalhe não foi apenas o poder constituído que se rendeu ao povo nas ruas. Mas também o segundo poder que não é institucional, mas que ao longo da história destituiu governos, e colocou outros no poder. A grande mídia, por vezes imprensa marrom, ela também se rendeu ao povo, no começo tentou criminalizar, depois percebeu que não dava pra competir com a mídia alternativa que é a internet e passou a classificá-lo como exercício da livre manifestação e da democracia
E uma cutucadinha de leve: Será que já não tá na hora de voltarmos ás ruas.
Então vamos as ruas, garanto que irei sem a empáfia de educador que sabe de tudo, vamos às ruas para aprender com essa nova forma de organização. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

O texto não ouvido quiçá lido


Fazer uma saudação aos alunos do 3º 01 e 02 é bastante complicado visto ser duas turmas muito heterogêneas, muito diferentes entre si, mas antes de estender minha saudação aos alunos que são os mais interessados e o motivo desse evento, o protocolo diz que devo estender minha saudação a mesa de autoridades, assim sendo saudando o diretor Waldemar, estendo a saudação a todos os componentes da mesa.
Uma saudação bastante calorosa e afetiva aos pais que depois dos alunos na ordem seriam para quem essa formatura mais tem sentido.
Caros pais e alunos peço-lhes um momento de sua atenção, pois o que direi agora é muito importante e tem haver com a educação de seus filhos.
Antes de iniciar propriamente dito minha fala gostaria de ler na integra para todos os presentes um recorte de uma conversa que rolou no face book nestes dias que antecederam essa solenidade que claro já foi devidamente apagada mas que foi salva e impressa e agora relato para todos, para conservar os nomes vou chamar os alunos envolvidos de ciclana, beltrana, e fulana, diz o seguinte:

Detalhe duas das nominadas ciclana e beltrana ainda ontem juraram que amavam a escola Euclides da Cunha.  
Poderia abrir minha fala contestando ou até abordando o pronunciamento da Fabia, quando fala dos merdas. Os pais e convidados presentes aqui não sabem o contexto do acontecido, se a curiosidade for muita pergunte a seus filhos ou então mais tarde pergunte a mim e com certeza lhes explicaremos, se não ficar claro em minha fala.
A minha abordagem não será sobre esse episódio, mas sim será sobre o que me levou a num momento de ira tomar a atitude que tomei e falar o que falei, não foi um fato isolado, foi uma constante durante o ano. Na verdade essa situação tem muito haver com o tipo de educação erudita, de banco de escola que defendo e acredito. E que sempre foi pautada no direito a ter direitos, lembrando que para cada direito precede um ou mais deveres. Sempre defendi o direito de os alunos terem voz e vez, e sempre dei voz e vez a eles em sala de aula. E caros pais em muitos momentos ao longo dos últimos anos seus filhos foram aviltados, roubados, lesados nesse direito. O de ter uma educação de qualidade.
O que prova isso? É só verificar o grau de elaboração de muitos desses alunos nas provas propostas, a baixa procura por concursos como o Enem, vestibulares locais, olimpíadas de matemática e português. Se existe baixa procura é por que não se viram tão animados a cursar esse ou aquele curso técnico ou superior. E a culpa é de quem? De nossos alunos e seus filhos? Como essa pergunta vai nortear toda uma discussão e manifestações a respeito do assunto educação eu pergunto de novo: E a culpa é de quem? De nossos alunos e seus filhos?
Lhes garanto que não apenas deles ou de vocês.
Pode parecer que sou um professor colocando panos quentes em duas turmas que não renderam o que deveriam render. Mas não é isso que pretendo.
Mas a grande culpa reside num sistema de educação falido, num sistema que não funciona onde há alunos que fazem de conta que aprendem por que há professores que fazem de conta que ensinam e como nem a instituição Euclides da Cunha, nem estado de Santa Catarina, verifica os motivos pois não tem instrumentos eficazes para verificar o nível de aprendizagem, nem levam em consideração os parcos dados de que dispõe, tampouco estabelecem medidas de intervenção para resolver os problemas que ai estão, nada se avalia e tudo continua como está. E como está não dá pra ficar. Por exemplo sabemos ou temos dados suficientes sobre o desempenho de nossos alunos no Enem, que seria a avaliação que deveria balizar nossas atitudes em sala de aula? Onde estão esses dados? Quem dispõe desses dados? Se o estado de Santa Catarina não utiliza esses dados estão certos vocês alunos de não desperdiçar seu tempo perdendo duas tardes para fazer a prova do Enem. É muito estranho que seja despendido verba, toda uma organização com eixos norteadores com competências e habilidades e as mesmas não sejam as balizadoras de nossa educação em sala de aula, eu não me lembro de um momento em que nos últimos 8 anos nossos professores tenham tido um curso, ou uma parada para falar de dados, estatísticas, para a melhoria do ensino, se acontece algum ensino se deve a fazer pedagógico isolado de cada professor. Não paramos ao longo desse ano para pensar pedagogicamente. Vergonhosamente não paramos para pensar. Mas como chegamos a isso?
Na minha modesta visão (as vezes alguns acham que ela é um tanto turva) então na minha turva visão vejo a falta da presença dos pais na vida escolar dos filhos como um desses motivos, pois como se diz por aí o sistema capitalista que nos engole exige que pai e mãe trabalhem deixando os filhos diante de uma babá eletrônica que faz nossos filhos amadurecerem sexualmente mais cedo assim quando eles chegam a escola pensam em tudo menos em estudar. São culpados os pais quando deixam seus filhos até altas horas no face e nem sabem com quem estão falando ou o que estão falando, ou ainda as barbaridades que estão falando, depreciando a escola que durante 3, 8 ou 11 anos o acolheu.
São culpados os próprios alunos quando não acreditam em si mesmos nem investem em si próprios. Se você não acredita em você ninguém vai te dar crédito. É culpado você por não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, no face book, estava atualizando o face. Muitas vezes ainda pais comparecem a escola e justificam que esses alunos de hoje são assim por que recebem muito estímulo nesse mundo digital. E não sabem os pais que estão fazendo comentários como esse que acabei de relatar aos senhores, ou quem sabe os pais sabem? Rememorando. O que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. E as vezes as vendem na porta da escola, que alguns chamam de lixo, então para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela Pátria, amor pela escola, repito amor pela escola.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, e sabíamos escrever e sabíamos fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série ou para a série seguinte. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. Que claro que era excludente, mas que funcionava a isso funcionava, até por que ele impunha na professora da série anterior a necessidade de ver seus alunos aprovados. Ah nós não tínhamos o paternalismo de hoje, não ganhávamos livro ou uniforme de graça tínhamos de comprar, não tínhamos transporte custeado andávamos a pé ou de bicicleta, não tínhamos merenda de graça, nós plantávamos a horta e a comunidade se organizava para garanti-la quando não a levávamos de casa. Logo não justifica não saber escrever, nem ler ou interpretar num mundo digitalizado, quanto mais ser deselegante ou mal educado com o professor ou a escola, então é imperativo se é que vocês entendem o que é isso, é imperativo que vocês se esforcem, pois a vida não vai dar as oportunidades que esses professores lhes deram. Os mesmos cunhados de preguiçosos.
Não podemos nos eximir, somos culpados nós os professores que trabalhamos em duas três ou até quatro escolas para dar conta de pagar o financiamento do carro que nos transporta apressados entre uma escola e outra correndo o risco de sofrer um acidente de trabalho; e por isso as vezes entramos em sala despreparados e fazemos de conta que ensinamos, sendo assim não cobramos o que devíamos; Além disso somos obrigados a elaborar atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração; é engraçado que todos os profissionais têm direito a um intervalo de quinze a vinte quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho, e ainda temos de cuidar recreio, o famoso recreio monitorado. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um vale coxinha. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde?    Muito precário, não tem médicos que atenda ao plano de saúde proposto pelo desgoverno que está ai. Passando por tudo isso há de se pensar, então, que somos bem remunerados... Mera ilusão! E os diários? Em plena ara da informação ainda preenchemos diários a mão. Claro com os equipamentos de informática que temos que parecem uma carroça comparado a uma Ferrari é melhor continuar a preencher a mão mesmo. Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance pra cair fora. Pelo que parece todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que nos esforcemos em ministrar boas aulas, ainda ouvimos alunos nos chamar de “vaca”, “puta”, “filha da p...”, “gordos”, “velhos”, “vai tomar naquele lugar”, “idiota” entre outras coisas. Como isso é motivante...e temos ainda que ter forças para motivar, fazer pensar. Não podemos em nenhum momento nos indignarmos e chamar alguém de merda. Abrindo um parêntese aqui cabe um questionamento que já fiz em sala de aula com inúmeras turmas: - Qual a função do professor? Ensinar? Transmitir conhecimento? Repassar informações? Tudo isso os alunos encontram nas mídias eletrônicas atuais. Tem aulas inteiras no youtube. Se buscar no Power point com extensão ppt, tem o assunto que você quiser. Então qual a função do professor? Na minha turva visão nossa função enquanto educadores e propiciar o questionamento. Se eu enquanto professor não propiciar o questionamento ao meu aluno então apenas fiz de conta que ensinei, fecha parêntese.
São culpados os professores quando são uma classe desunida e não conversam de forma pedagógica, fala-se de tudo na sala dos professores menos de educação. Fechamos inclusive a porta, pois não suportamos o barulho que os alunos fazem. E vale dizer nesse momento que escola sem movimento e barulho não é escola. Somos culpados quando não temos a coragem de lutar pelos nossos direitos mostrando aos alunos que devemos baixar a cabeça diante de um patrão algoz como sempre foram nossos desgovernadores ao longo dos últimos anos. Chega de salário baixo, todas as profissões e pessoas passam por professores, deveria ser a carreira mais bem paga do país, deveria ser uma carreira respeitada, e não é isso que vemos, afinal os deputados que ganham 67% de aumento tiveram professores, até mesmo os "alfabetizados funcionais". Pelo amor de Deus somos uma classe com força!!!
É culpada a direção e a gerencia de educação de Jaraguá do Sul, pois são os legítimos representantes de um desgoverno que já contabilizou greves nos setores da saúde, segurança pública e educação, e se utilizando da imprensa marrom colocam a sociedade contra esses profissionais mal pagos e que cuidam de três setores de enorme importância para os cidadãos. Portanto o grande culpado desse sistema falido é esse desgoverno. Que tal vocês pais ficarem sem médicos, sem proteção e sem professores para seus filhos?  As escolas estão desabando por pura falta de manutenção, e  problemas assim não acontecem de um ano para o outro são fruto de anos e anos de descaso. O desgoverno deixa de cumprir as suas obrigações com a educação e a segurança das crianças, jovens e trabalhadores do setor,  que são obrigados a conviver em ambientes extremamente precários, correndo riscos diários, e  a justificativa é culpar a valorização dos profissionais que há décadas lutam por melhores condições de trabalho, dizendo: nos vimos obrigados a desviar verbas da manutenção das escolar para pagar o salário dos professores, mentira deslavada, é só verificar a situação da escola Lauro Zimmermann em Guaramirim ou a escola que desabou na Palhoça. No Euclides da Cunha pela primeira vez tivemos a cota de fotocópias limitadas nesse último bimestre, por pouco não ficamos impedidos da impressão dos exames finais, quanto a questão estrutural da escola poderíamos falar de inúmeros problemas que nesse desgoverno nos faltou. Temos uma internet que é mais lenta que as antigas internet discadas, e os computadores são obsoletos, defasados, antigos.
Biblioteca é a alma de uma escola, é nós no Euclides da Cunha não temos uma, temos um antigo corredor que agora é um deposito de livros. Como queremos melhor desempenho em português e disciplinas afins se não investimos em leitura, se nossos alunos não tem um espaço agradável e prazeroso que convide a leitura? Será que esse desgoverno não investe por que quer apenas uma escola pobre para pobres?
Não dá para aceitar essas situações. E quando eu enquanto professor reclamo e incito os alunos a também exigirem seus direitos sou diagnosticado com transtorno bipolar pela direção. E aguardem para o ano que vem reclamações de forma organizada pela entidade de classe que é a Grêmio Estudantil, junto a direção, junto a gerência de educação e junto a prefeitura. Vamos fazer valer os direitos que temos enquanto cidadão. Continuarei sim incitando os alunos a reclamarem seus direitos.
Portanto senhores pais seus filhos são na verdade vitimas desse sistema, por isso metem os pés pelas mão e falam asneiras como as aqui relatadas, vitimas de um sistema montado e mantido a custa de cargos por indicação política, um sistema que não funciona para não formar pensadores e críticos, mas sim operários que simplesmente executem tarefas. Talvez agora alguns entendam as falas que sobre formar apenas peões. Um sistema que forma alunos que tem nojo e raiva de política e por isso serão governados por aqueles que adoram fazer política para poucos. Pois parece que o governador estão tão longe, e quando na verdade ele nos atinge diretamente com seus desmandos. Portanto não podemos ter nojo de política. Aqui cabe portanto um apelo cobrem da Secretaria Regional, na pessoa ausente de seu Lio Tirone, da Gerência de Educação, na pessoa da Dona Lorita, cobrem dos políticos eleitos qual a postura deles com relação a todos esses problemas relacionados com a educação. Pois eu sempre cobrei e vou cobrar, assim caro colega de profissão agora vereador Arlindo, eleito pelo PP, político a nível local, mas é bom lembrar que o PP é base do desgoverno de Raimundo Colombo na Alesc, sei dos anseios que tem o Arlindo, sei que vem imbuído de boas intenções, sei que não vai abandonar a base que o elegeu e que foi a massa jovem; jovens cobrem dele, cobrem o posicionamento dele quanto as questões da educação para a escola Euclides da Cunha, a mesma que alguns acham um lixo, cobrem postura para com a escola do Ribeirão Cavalo, para as comunidades locais, precisamos de caras novas como o Arlindo, precisamos de renovação. Mesmo não militando num mesmo partido, como já o fizemos no passado, temos um partido em comum a educação libertadora e democrática. Acredito que nossa vigilância enquanto sociedade organizada fará valer nossos direitos.
Finalizando minha fala, mas não a discussão a respeito da educação. Educação que ainda acredito e ainda acredito em muitos de vocês caros alunos, quero pedir desculpas aos pais pelo tempo tomado, gostaria de pedir desculpas aos alunos por nem sempre falar aquilo que vocês gostariam de escutar, aos colegas de profissão uma mera sugestão, precisamos nos unir, a direção e representantes da Gerência de Educação, a esperança de ainda estarmos no mesmo barco a busca de uma educação de qualidade. As autoridades constituídas e eleitas o pedido de luta por uma educação libertadora e democratizada.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Do que reclamam alguns professores?


Sei que muito alunos meus, sejam eles atuais ou de tempos passados, lêem meus textos nesse blog, também sei que muitos colegas de profissão também passam os olhos por esses escritos, concordando ou não com minhas ideias sobre os diversos temas aqui expostos. A todos esses direciono hoje uma simples pergunta: Do que reclamam alguns professores?
Explico melhor:
É ideia corrente nas salas de professores que alguns alunos não aprendem mesmo, já no começo do ano foi prognosticado que aquele aluno não tem jeito se ele for aprovado será pelas benesses do professor ou do governo. Mas e aí, nada será feito para salvar a situação?Creio que esse professor tenha uma bola de cristal.
Também já ouvi muitas vezes: esse aluno não sabe ler, logo não interpreta, se não interpreta não entende, e o resultado é reprovação. Em outras situações sabe ler mas apenas sabe juntar os caracteres sem interpretação alguma. Busca-se a partir de então o culpado, como se encontrar o culpado fosse resolver o problema daquele indivíduo que chegou no ensino médio e não sabe ler, no máximo será possível detectar a fonte do problema. E aqui é importante observar que interpretar em matemática, geografia, biologia ou qualquer outra disciplina é diferente de interpretar em português, assim sendo se aquele professor que reclama  que seu aluno não interpreta e nunca nem leu um texto por menor que seja na sua disciplina; como vai ensinar ao mesmo o pensar em sua disciplina? 
Formar cidadão crítico, consciente, participativo, e blá blá blá. Todo PPP de todas as escolas que eu conheço tem sempre um início próximo desse blá blá blá, e continuamos com os alunos enfileirados um olhando na nuca do outro, em muitas escolas ainda usamos quadro de giz, e outras onde as novas tecnologias ficam guardadas na sala do diretor, conheço escolas que os antigos retro projetores que hoje já são ultrapassados, foram dispensados pelo não uso ainda novos dentro da caixa em que vieram da fábrica. Escolas sem textura, sem cor, onde os professores não atendem ao aluno que bate na sala dos professores, pois a mesma tem de permanecer fechadas, pois o professor não aguenta o barulho que os alunos fazem. Falas como -não vejo a hora de chegar dez horas, são muito comuns na sala dos professores, com certeza esse professor não vê a hora de ir para casa, o detalhe é que ele só está trabalhando em função do cifrão no final de seu contra cheque, quando sabe fazer a leitura do mesmo. Outra que ouço muito é: chega natal, e só estamos no começo do ano. Já vem cansados para a escola e fazem aquilo que denomino escola pobre para pobres. Na verdade pobre é esse professor, pobre de espírito, de vontade, de conhecimento, deve ter feito um cursinho valita, a distância sem qualificação. O que não significa admitir que todo curso a distância é pobre e não forme com qualidade.
Por último mas sem encerrar a discussão como vai ensinar ao individuo que está em sua frente a lutar por seus direitos se ele mesmo, esta aceitando o desmonte da categoria do magistério e nada fez ou faz para mudar essa situação. Como pode um professor das áreas humanas não lutar por seus direitos?  Por exemplo os de sociologia, filosofia, geografia, história, só pra citar as disciplinas eminentemente pensantes. Qual será o tipo de cálculo que faz um professor de matemática que não percebe o quanto ele está perdendo com a proposta apresentada? Como pode colegas que tem formação nas áreas do direito, jornalismo não perceberem a situação caótica que se apresenta? Será que serão advogados de porta de cadeia, e jornalista sensacionalistas e sem crítica nenhuma? Pois não consigo perceber criticidade nesses colegas profissionais. Assim repito a pergunta: Do que reclamam alguns professores?

Estamos de volta

Olá caros alunos leitores desse espaço de manifestação, voltamos após 16 dias de Greve, me dirijo apenas a vocês nesse caso, que é a quem devo satisfações, não devo satisfações a esse governo corrupto, irredutível e inescrupuloso, não devo satisfação aos diretores mantenedores desse governo que para a educação só tem migalhas, não me dirijo aos professores colegas de profissão que ficaram amedrontados e não vieram para a luta, e me dirigindo somente a vocês eu faço minhas as palavras de Rui Barbosa: Pior que a tristeza de não haver vencido (sé que não houve vitória) é a vergonha de não ter lutado. Abraços a todos e obrigado pela recepção, e como sempre vamos fazer um ótimo trabalho em Geografia e Sociologia.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O credo dos não grevistas

Insanidade? É isso que muitos professores (aqueles que não estão no movimento) imaginam quando nos vêem visitando escolas e tentando lhes falar que a coisa é séria, que as perdas serão irreparáveis, que passando esse plano do governo todos iremos trabalhar hora relógio e não mais hora aula, que vamos perder para mais de R$ 5.000,00 ao longo de apenas um ano, e mais ainda (INACREDITÁVEL)  alguns até tentam nos convencer de que devemos voltar para a sala de aula, que nosso movimento não vai dar em nada, pior ainda quando alguns colegas tentam justificar que falou com esse ou com aquele deputado e ele garente que de nada vai adiantar nosso movimento. Ora para todos esses eu digo apenas - só voltarei a partir da decisão da categoria reunida em assembléia decidindo pelo fim da paralisação. Gente o que temos que entender é que se queremos lutar por uma categoria, devemos permanecer unidos e respeitando um comando de greve. Você já ouviu falar da Fábula dos Porcos Espinhos?
 
"Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente; mas, os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam maior calor.
Por isso decidiram afastar-se uns dos outros e voltaram a morrer congelados.

Então precisavam fazer uma escolha: ou desapareceriam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros. Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.

Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.. E assim sobreviveram!


Moral da História:

O melhor relacionamento não é aquele que une pessoas perfeitas, mas aquele onde cada um aprende a conviver com os defeitos do outro e consegue admirar suas qualidades."

Portando gente tá na hora de pararmos de buscar desculpas esfarrapadas para não estarmos no movimento, tais como: 
- Não entro no movimento em função de não concordar com as ideias desse ou daquele dirigente. 
- Não estou no movimento, pois não gostei das palavras um tanto duras daquele determinado dirigente (provavelmente eu - que não economizo impropérios nesse espaço de manifesto).
- Não opto pela greve pois creio que existe outros meios mais democráticos de reivindicações. A esses eu digo, já se esgotaram todos os meios pacíficos de conversação, esse não governo que é uma continuidade de LHS e ao findá-lo serão doze anos de opressão e ganhos mirrados conseguidos com muita luta.
Para aqueles que não estão no movimento, assumam e rezem o seguinte credo, repetindo:
Eu não entro no movimento porque to cagando de medo de ter meu salário cortado, to com medo do meu diretor, sou um pelego, não tenho coragem de lutar por meus direitos, vou ensinar meus alunos a serem pacíficos operários, peão de chão de fábrica que não sabe o que é luta de classe, e assim vou instruir mais um alienado a continuar sendo alienado. Amém.
E assim gente ou você luta por seus direitos ou eles serão aviltados por quem não tem escrúpulos nenhum em manter a situação vigente. Ou você tem coragem de quebrar com essa situação vigente ou vira um marionete na mão desse governo corrupto.
Professor Francisco

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ou Piruá ou Pipoca

Olha gente a analogia não é minha, mas de Rubem Alves e ousei fazer algumas adaptações, pois me parece pode servir nesse momento, para entendermos nossa situação frente a essa apatia geral do magistério em nossa regional.
Ou nós somos piruá ou nos somos pipoca.
Para entendermos melhor, a pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Duro impossível de se comer, intragável, porém quando nós estamos abertos a possíveis mudanças, algo extraordinário pode acontecer conosco. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o Melhor jeito de ser.
Para aqueles que estão aptos, acontece diferente; de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso diminui a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Você professor imagina do que és capaz? Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Professor você quer ser Piruá ou quer ser Pipoca? A escolha é sua.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Professores apolíticos, qual o motivo?

A partir de nossas visitas nas escolas buscando melhorar o índice de adesão ao movimento, que todos sabemos é justo, constata-se um sentimento de dormência, abatimento, de prostração, adinamia (os gregos chamavam a alma de ânima) de anestesia entre os professores e esperamos que isso seja temporário. A partir de então se faz necessário questionamentos que levaram ou levam a essa situação. Algumas situações creio são notórias, outros motivos ainda deverão surgir e ser elucidados.
 - Nas universidades proleferam os cursos a distância.
 - Os professores nessas universidades tem formação mínima.
Assim sendo o resultado é que professores saem desses processos de formação mal preparados, sem criticidade, apolíticos, nem sabem o que Bertold Brecht diz a respeito do analfabeto político, muitos nunca ouviram falar de Bertold Brecht, logo nunca vão lutar pelo seu direito, ou pelo direito de ter direitos. Acomodam-se e tudo está bom como está, trabalham o dobro e reclamam de trabalhar o dobro, mas não se dão conta de que deveriam lutar por um salário melhor e melhores condições de trabalho.

- Formação, informação, criticidade, profissionalismo é uma via de mão dupla, é necessário que o professor em formação esteja em condições, apto, com vontade de aprender, é uma questão interna, de cada um; e deve encontrar alguém apto, com formação crítica, que vai passar essa criticidade para o mesmo. 

Se pensarmos apenas nessas duas situações já temos material suficiente para pensarmos o que temos percebido em nosso movimento.
É claro que existem situações, tais como, financeiro, pessoais, político-partidário, e que não vem ao caso para esse pretensa reflexão.
Abraços e continuemos na luta, aqueles que tiverem coragem.