quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Causos ou historinhas

Iniciamos mais um ano, 2012, e houve quem acreditasse que seria o fim dos tempos, até filme foi feito com base nessas infundadas teorias, bah! Tem quem tenha tempo para tudo! Coisa fantástica é o tempo dividido em períodos, e isso eu já mencionei em outro texto nesse blog. Quanto ao tempo, segundo Eduardo Galeano em “DE PERNAS PRO AR” fica mais evidente ainda que não se pode levar muito a sério essas pseudo-teorias, pois eis que o ano 2012 dos cristãos é o ano 1390 dos muçulmanos, o 5125 dos maias e o 5773 dos judeus, nosso primeiro dia do ano é o primeiro dia de janeiro por obra e graça ou capricho dos senadores do império romano, que num determinado dia decidiram quebrar a tradição que mandava celebrar o ano novo no começo da primavera. E a conta dos anos da era cristã deriva de outro capricho quando num “santo dia” o bispo de Roma decidiu datar o nascimento de Jesus, embora ninguém saiba ao certo o dia que ele nasceu.
E assim ano termina e ano inicia e o momento é perfeito para que nossos “governantes” venham a público manifestarem suas “ preocupações”  com a educação em Santa Catarina, haja visto o “causo”  dos uniformes que segundo o senhor Eduardo Deschamps o culpado de nossas “criancinhas” não receberem uniforme nesse ano é dos professores, vergonhoso pra não dizer outros sinônimos mais grosseiros que é o que ele merece, os representantes oficiais das “autoridades” em educação reúnem os professores na escolha de vagas e em inflamado discurso descarregam sobre os mesmos uma série de bobagens, erros grosseiros de português, além da clara intimidação na fala da mesma. Será que a mesma “autoridade” não se dá conta que o cargo dela é transitório, que as mudanças políticas que se avizinham vão confirmar isso. Alguém tem de dizer a ela que o mundo mudou e que o sinônimo de gestão é adequar-se continuamente as mudanças de cenário. E o cenário é o de uma educação mal administrada inclusive em nível de Micro Região do Vale do Itapocú. Em tempos de Steve Jobs não podemos nos limitar as “historinhas para criancinhas” não quero aqui desmerecer a ideia do lúdico. Em fim eu “to de (piiiiiii...) cheio” de tanta bobagem sendo dita aos nossos ouvidos como se eles fossem penicos ou numa linguagem menos chula urinol ou ainda bispote.
Lembrando os grandes pensadores desde a educação sócio-interacionista até Paulo Freire que dizem que não podemos apenas pensar em ensinar, devemos também nos questionar e pensar em como o aluno aprende e pensando no “discurso” ouvido por esse indignado ouvinte tenho a certeza que não é essa a prioridade de nosso desgovernado governo. Se essa fosse a preocupação dos mesmos, teríamos melhores condições de trabalho, teríamos melhores salários, nossos deputados, os funcionários de abastados cargos públicos, incluindo nesses cargos nossos diretores, todos eles colocariam seus filhos para estudarem em escola pública, se tiver a curiosidade faça uma simples enquete junto a esses “representantes” do povo e verificarás que todos tem seus filhos em afamadas escolas particulares, pagando vultosas somas durante o ano, o que vem reforçar mais uma vez minha opinião sobre a construção de uma escola pobre para pobres. E se você meu amigo que teve a coragem de ler esse texto até o final não fizer algo em prol da categoria vamos manter essa infame situação. Depende de nós e a oportunidade se apresenta. Que tal começarmos agora, nesse inicio de ano reforçando o grupo do magistério aqui na Micro Região do Vale do Itapocú. Fique atento as manifestações e não se esconda ou se exima de sua responsabilidade de formador de opinião. Ou então continue a ser pelego e capacho desses inescrupulosos governantes.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Paz inquieta

Pensando nas palavras de Bertolt Brecht – que diz que o pior analfabeto é o analfabeto político, pois, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos – e lembrando que mais uma vez se aproxima um pleito eleitoral. E como não sou analfabeto político e minhas idéias, creio eu, são as mais socialistas possíveis, vou deixar claro novamente o que penso daqueles que se agarram ao poder. Minha militância política desde os tempos de ensino médio foi em prol daqueles que não tem nem voz nem vez, já dizia um sacerdote amigo meu, Pe. Aloisio André Kasper, que agora parafraseo: o profeta é aquele que denuncia a injustiça ao anunciar a justiça ou vice e versa. E como se aproximam as eleições para prefeito e vereadores em nossos municípios, devemos nós professores agora nos expressar não apenas no campo da militância política, mas também na militância político-partidária, e penso que é aí que o caldo tende a entornar. Pois entre nós professores é comum ouvirmos: “política é coisa suja”, “não me envolvo em política”, e ainda desligamos a televisão ou o rádio no momento do besteirol. Isso me lembra o analfabeto político, para tanto tenho uma sugestão: vamos convidar os candidatos aos cargos políticos eletivos de nossa cidade para virem expor suas idéias em nossas escolas. Vamos preparar perguntas sérias para os mesmos, de forma bem democrática convidemos a todos, e vamos ver o que respondem e como respondem aos nossos questionamentos, nossas inquietudes, vamos filmar para termos o registro e podermos cobrar. Para tanto há a necessidade de criarmos projetos já no início do ano, dentro de nosso planejamento anual, a título de sugestão creio que deveria ser principalmente nas aulas de Sociologia, Geografia, História, mas a escola como um todo deveria estar envolvida. Como diz Frei Betto “o poder é uma questão complexa, intrigante, o poder é o lugar da intriga”, e o poder tende a despersonalizar o poderoso e a oprimir o cidadão, desde o poder do sindico, do gerente do banco, do guarda de trânsito, do diretor de escola, até o líder de sala de aula quando são “mordidos pela mosca azul”, a função que a pessoa ocupa passa a ser mais importante que sua individualidade, Getúlio Vargas preferiu dar um tiro no peito a deixar o poder, para alguns a realidade de perder o poder chega a ser desesperadora e por isso mudam tanto quando no poder. Eu não mencionaria o livro de Frei Betto – “A Mosca azul” se não estivesse preocupado com esse pleito, pois se penso em fazer um projeto para trazer os candidatos em nossa escola, sei que existe a tendência de esse projeto não deslanchar exatamente em função do apego ao poder, seja dos diretores, seja do atual deputado de nossa cidade, seja dos vereadores de nossa região (Nereu Ramos/Estrada Nova). Mas como já disse em outros textos nesse blog: o desafio é ser fermento na massa. Assim não sou massa de manobra, sou o fermento que vai modificar essa massa. Que vai inflar essa massa até que as mudanças em prol daqueles que também tem o direito de sonhar sejam atendidos. E se isso levar ao conflito que ele venha. Estou em paz, mas é uma paz inquieta. Que é um sentimento de tranqüilidade, mas que não me deixa estático, que me move e me leva a mover outros na direção daquilo que acredito é justo e certo.