terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Paz inquieta

Pensando nas palavras de Bertolt Brecht – que diz que o pior analfabeto é o analfabeto político, pois, ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos – e lembrando que mais uma vez se aproxima um pleito eleitoral. E como não sou analfabeto político e minhas idéias, creio eu, são as mais socialistas possíveis, vou deixar claro novamente o que penso daqueles que se agarram ao poder. Minha militância política desde os tempos de ensino médio foi em prol daqueles que não tem nem voz nem vez, já dizia um sacerdote amigo meu, Pe. Aloisio André Kasper, que agora parafraseo: o profeta é aquele que denuncia a injustiça ao anunciar a justiça ou vice e versa. E como se aproximam as eleições para prefeito e vereadores em nossos municípios, devemos nós professores agora nos expressar não apenas no campo da militância política, mas também na militância político-partidária, e penso que é aí que o caldo tende a entornar. Pois entre nós professores é comum ouvirmos: “política é coisa suja”, “não me envolvo em política”, e ainda desligamos a televisão ou o rádio no momento do besteirol. Isso me lembra o analfabeto político, para tanto tenho uma sugestão: vamos convidar os candidatos aos cargos políticos eletivos de nossa cidade para virem expor suas idéias em nossas escolas. Vamos preparar perguntas sérias para os mesmos, de forma bem democrática convidemos a todos, e vamos ver o que respondem e como respondem aos nossos questionamentos, nossas inquietudes, vamos filmar para termos o registro e podermos cobrar. Para tanto há a necessidade de criarmos projetos já no início do ano, dentro de nosso planejamento anual, a título de sugestão creio que deveria ser principalmente nas aulas de Sociologia, Geografia, História, mas a escola como um todo deveria estar envolvida. Como diz Frei Betto “o poder é uma questão complexa, intrigante, o poder é o lugar da intriga”, e o poder tende a despersonalizar o poderoso e a oprimir o cidadão, desde o poder do sindico, do gerente do banco, do guarda de trânsito, do diretor de escola, até o líder de sala de aula quando são “mordidos pela mosca azul”, a função que a pessoa ocupa passa a ser mais importante que sua individualidade, Getúlio Vargas preferiu dar um tiro no peito a deixar o poder, para alguns a realidade de perder o poder chega a ser desesperadora e por isso mudam tanto quando no poder. Eu não mencionaria o livro de Frei Betto – “A Mosca azul” se não estivesse preocupado com esse pleito, pois se penso em fazer um projeto para trazer os candidatos em nossa escola, sei que existe a tendência de esse projeto não deslanchar exatamente em função do apego ao poder, seja dos diretores, seja do atual deputado de nossa cidade, seja dos vereadores de nossa região (Nereu Ramos/Estrada Nova). Mas como já disse em outros textos nesse blog: o desafio é ser fermento na massa. Assim não sou massa de manobra, sou o fermento que vai modificar essa massa. Que vai inflar essa massa até que as mudanças em prol daqueles que também tem o direito de sonhar sejam atendidos. E se isso levar ao conflito que ele venha. Estou em paz, mas é uma paz inquieta. Que é um sentimento de tranqüilidade, mas que não me deixa estático, que me move e me leva a mover outros na direção daquilo que acredito é justo e certo.

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