quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Greve do magistério público de SC para 2012 - Ato 1

Saiu no DC no dia 23 a seguinte matéria 
O ano de 2012 poderá começar com greve no magistério estadual catarinense. Pelo menos é o que sinalizou nesta terça-feira o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/SC), em Florianópolis, ao se manifestar sobre o reajuste de 8% oferecido pelo governo a todos os servidores.

Na avaliação do Sinte, ainda ficará faltando 16,68% de aumento no vencimento dos servidores da educação para se chegar ao piso nacional determinado pelo Ministério da Educação e pelo Supremo Tribunal Federal. Uma assembleia estadual, na primeira quinzena de dezembro, decidirá os rumos que a categoria irá tomar.

Quando comentei a matéria na sala dos professores de minha escola - Euclides da Cunha em Nereu Ramos, foi um misto de medo, insegurança e descrédito. 
O medo de alguns professores diante de possível greve e a insegurança de que rumo tomarei, pois existe um grupo muito unido e as por demais aguerrido na arte da greve.
A insegurança, pois sabemos do que esse pretenso governo que a cada problema que acontece na esfera estadual (leia-se ameaça de greve) ele pega seu avião e vai para a  europa, tipo assim não tô nem ai, fica usando a filosofia da vaca, "cagando e andando" e é esse mesmo que virá com os seu pedir votos em nossa porta para seus candidatos a prefeito (a)  e vereadores.
Descrétido, alguns professores e diretores ainda acreditam que esse pseudo governo que se encontra lá em Florianópolis tem boas intenções, e quer o melhor para a educação de SC, assim não acreditam que seja possível que de novo "esses" professores entrem em greve.
 Depois de ouvir dizer, pois não estava lá, que o sr. Deschamps e a (Elizete Melo) "mãezinha" das AEs dizer que os professores, diretores, AEs e ATPs são burros que não entendem de lei, está na hora de mostrar a essa corja de FDPs que entendemos sim de leis, se necessário for temos de nos organizar e trazer especialistas em lei para orientar nossos professores na regional local. 
Se nós enquanto base da categoria não nos organizarmos e mostrarmos a esse covil de lobos vestidos de vovózinhas que não somos galinhas mas sim águias, lembrando Leonardo Boff, nós vamos iniciar uma greve já declarada perdida. Sugiro que não fiquemos esperando, pois mesmo entre os líderes do sindicato a nível estadual a joio misturado em nosso trigo.

"Instruí-vos, porque precisamos da vossa inteligência. Agitai-vos, porque precisamos do vosso entusiasmo. Organizai-vos, porque carecemos de toda a vossa força".
(Palavra de ordem da revista L'Ordine Nuovo, que teve Gramsci entre seus fundadores) 
"Há instantes em que somos senhores do nosso destino."
(Shakespeare)

"Nada deve parecer natural. Nada deve parecer impossível de mudar."
(Bertolt Brecht)  
"Há homens que lutam um dia e são bons,
Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há os que lutam muitos anos e são muito bons,
Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis."

(Bertolt Brecht)

"De nada valem as idéias sem homens que possam pô-las em prática." (Karl Marx)
Se esses imperativos não nos impulsionam a lutar pelo que é nosso por direito, então devemos mudar de profissão, vamos ser pedreiros, profissão que eu considero extremamente honrada e que hoje paga muito mais, é só acessar o concurso de Massaranduba que você vai descobrir.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Pulando etapas


"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".
( Paulo Freire )
Conta-se que certa feita, determinado vigário se dirigiu a uma comunidade para realizar uma missa e por ser uma comunidade muito isolada em longínquo povoado, quando lá ele ia, realizava todas os sacramentos necessários aos paroquianos isolados. Lá chegando, foi se organizando e dispondo os santos objetos de cada sacramento que por ventura se fizesse necessário, e na hora marcada para a missa se pôs a porta da capela a esperar. De repente eis que vem chegando um caipira, acomoda seu pingo num galho de roseira seca e vai se encostando a parede esperando pela missa. O tempo foi passando e não chega ninguém mais, então o padre se dirige ao paroquiano e pergunta a este que até o momento só observava e nada falava: – Mas bah! Será que não vem mais ninguém? Ao que o capiau responde: – Pois olha seu padre, eu não sei muita coisa, sei mesmo é tratar vaca, o senhor é que deve saber mais. O padre então se impõe e comenta: – Muito bem, então vamos fazer o seguinte, vamos esperar um pouco mais e assim que o restante do povo chegar nós iniciamos a missa. Passaram-se de 30 a 45 minutos e como ninguém aparece o padre comenta de novo: – Bom já que ninguém apareceu vamos dar por encerado e marcamos outra data. Pode ser? O caipira responde: – Olha seu padre, eu não sei muito das coisas, entendo mesmo é de tratar vaca, mas se eu for tratar as vacas num dia de manhã e só vier uma vaca para o estábulo para ser tratada, eu garanto para o senhor que vou tratar essa que apareceu. O padre percebendo a lambada que acabava de receber do caipira decidiu então realizar a missa para um paroquiano só, e começou desde a criação de Adão e Eva passou pelo Êxodo, a travessia do Mar Vermelho, o Pentateuco e os reinados de Davi e Salomão, chegou nos profetas que anunciavam a vinda do Messias, o nascimento e morte de Jesus o Novo Testamento todo. Duas horas e meia depois, onde o caipira só ouvia atento,  tipo coruja, não fala nada mas presta muita atenção. Depois de todo esse tempo o padre ainda não satisfeito com o comentário anterior do caipira, comenta: – Então, gostou? Que tal achou da missa? E do sermão? E a exposição das sagradas escrituras? O caipira depois de muito tempo calado então fala: – Olha seu padre, eu não entendo muito das coisas, eu sei mesmo é tratar vaca, mas uma coisa eu garanto para o senhor,  se eu for tratar as minhas vacas e aparecer apenas uma delas, eu não vou dar o pasto todo de uma vez só.
Creio que deve ser assim na escola, educação é processual cada coisa a seu tempo, cada etapa tem de ser vivenciada intensamente, cada aluno tem seu tempo de aprender e não tem sido entendido dessa forma, a questão educacional em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina e no Brasil, haja visto as situações que se apresentam.
Enumerando as situações com as quais não concordo e justificando:
Tapando sol com peneira – sou professor de Geografia séries finais/ensino médio e tenho presenciado a chegada de alunos cada vez menos preparados ou com os conceitos mínimos e mais elementares deficitários. A que se deve isso? Em algum momento do processo ensino-aprendizagem alguma ou muita coisa faltou.
Pensa bem, a situação é a seguinte: o professor tem apenas 40 minutos de aula, chega e tem de acomodar a turma que está toda na porta ‘’recepcionando ’’ o professor, tem de fazer a chamada, que pasmem estamos no século XXI e ainda fazemos a anotação da presença em papel, pois o estado que deveria providenciar esse processo virtual, gastou um enormidade de nosso dinheiro com uma empresa que deveria nos dar essas condições e a empresa literalmente comeu nosso dinheiro e foi embora sem prestar contas e nós como sempre permanecemos calado diante desses desmandes desse pretenso governo. Bom voltando a vaca fria entre a troca de sala, acomodar aluno e fazer a chamada, gastamos em torno de 10 minutos, só nos resta então 30 minutos por aula. Como então acontece esse milagre? Eu respondo: no conselho de classe quando os diretores a mando das secretarias de educação já avisam: – nosso índice de reprovação não pode passar de tanto.
Se fizermos uma comparação com as escolas particulares onde os alunos tem 50 minutos de aula e 29 aulas semanais e não 25 como no estado numa conta simples chegamos a seguinte conclusão:
São 10 minutos por aula multiplicado por 5 aulas por dia que resulta em uma aula a mais por dia some então essas 5 aulas semanais acumuladas nas sobras de dez minutos cada aula com as 4 aulas a mais por semana temos então 9 aulas a mais por semana.
Se considerarmos que 200 dias letivos tem numa conta simples e posso estar errado, em torno de 40 semanas de aula multiplicando 40 x 9 teremos 360 aulas, isso significa que as escolas particulares tem 360 aulas a mais que as escolas públicas, o que significa admitirmos que temos escolas pobre para pobres. O que deverá manter o processo de divisão de classes.  
 É claro que vamos ouvir um monte de desculpas como por exemplo: O aluno não tem incentivo em casa; Ele, o aluno, tem uma babá eletrônica; Os pais não dão limites; Aquilo que é moda “esse menino é hiperativo” e por ai vai. O detalhe é, somos professores e temos de conviver com todos esses viés e temos de resolvê-los ou mudamos de profissão. Mas o que não podemos negar é que nossos alunos tem progredido nas séries com conhecimento deficitários. Isso é verdade e todos sabemos então como nossas escolas tem um índice de aprovação tão alto, ou seja o Estado de Santa Catarina consegue fazer milagre, tem uma das menores carga horária no Ensino Médio do Brasil e no entanto uma das melhores taxas de aprovação. Dados ou ações manipulados? A cada ano é uma nova fórmula para facilitar ainda mais a aprovação, ou seja os diretores vão nos dizer é o sistema, e eles tem razão é o sistema que está estruturado para fazer filhos de operários continuarem a fazer apenas ensino médio, ou técnico/ensino superior, claro os cursos mais baratos e que preparem ou façam novos operários que serão mandados pelas mesmas famílias que sempre estiveram no poder.
Situação da greve – a questão da greve em nosso estado nesse ano só veio agravar ainda mais esse processo que ao meu ver não foi observado pelo governo uma vez que não deu a devida atenção desde o momento que entrou com a ADIN. Um governo corrupto, inescrupuloso, e sem a menor preocupação com a criação de uma comunidade crítica e sujeito de sua história.
Efetivação não é sinônimo de incompetência ou inoperância – é triste, mas observamos uma leva de professores que uma vez efetivos não buscam mais inovação e pensam que o fato de serem efetivos podem ser inoperantes, e somam as ações do governo criando uma escola pobre para pobre, pois devido a todas as circunstâncias, tempo de aula diminuído, falta de equipamentos eletro-eletrônicos em sala, ambiente virtual precário, ministram aulas pobres para pobres.
Ensino a distância – temos assistido a uma proliferação de universidades virtuais em todo o Brasil, com o aval do Ministério da Educação, que tem aceito essa situação, pois através dela a certificação tem acontecido a rodo. E qual o resultado disso? Professores mal preparados tem entrado em sala de aula como ficou evidenciado no item que nominei de “tapando sol com peneira” e como resultado alunos pouco ou muito mal preparados para resolver problemas, e no sentido inverso criam problemas.
Solidão pedagógica – somado a todas essas situações vejo situação da solidão pedagógica vivida pelas pessoas que se predispõe a ajudar ou fazer projetos para melhorar os índices escolares. Quem são essas pessoas? As Assistentes Técnicas Pedagógicas, principalmente, pois sei de fonte segura que muitos (as) deles tem projetos muito bons e nem sempre lhes é dado a devida atenção ou aceitação, pois muitos de nós professores nem sempre estamos abertos a aceitar a intervenção de outros em “nossas aulas”, entre aspas pois penso que se a aula é nossa devemos levá-las para casa ou então mantê-las dentro de nossas pastas, mas se a aula é do aluno que está esperando por algo diferente então que tal aceitar a novidade e melhorarmos a aula.
Procuremos então trazer uma paz inquieta que nos mova a ensinar ou aprender dependendo da situação, e estar aberto a situação de ensinante ou aprendente. Mudando essa situação, e inúmeros podem ser as formas de mudar isso que nos rodeia, comecemos dando um troco nas urnas do ano que vem.  

domingo, 6 de novembro de 2011

O que me preocupa

E o ano se perdeu, é triste observarmos, mas é exatamente isso que ouvimos nos corredores de nossas escolas. Que motivo me leva a dizer isso nesse blog? O fato de viver essa situação.Nos últimos dias temos realizados aos sábados, domingos e feriados a “reposição de aulas”, estamos repondo os dias parados em função da greve. Mas de fato existe a reposição das aulas dos dias parados? Respondo: não de fato não existe reposição das aulas perdidas, pode até haver reposição dos dias parados, mas não reposição das aulas. Quem é o culpado? Eu não diria que existe um culpado, mas vários culpados, e vou enumerá-los, juntamente com uma pretensa justificativa.
1 – O governo, na pessoa de Raimundo Colombo, que com sua intransigência, ingerência, falta de vislumbre do futuro, herdou de seu antecessor uma greve anunciada a mais de dois anos. Um governo sem governo, que havia prometido quando da época de sua eleição colocar técnicos em cada área da administração dos serviços a população e não cumpriu com a palavra, aliás essa foi a tônica de sua administração, não cumprir com aquilo que prometeu. Só pra ter uma idéia, na educação ele colocou um engenheiro sanitarista, talvez para vir fazer merda na educação, desculpe caro leitor o termo chulo.
2 – O Sindicato, que ficou entre a pelegagem e a chinelagem total, quando não manteve a postura de defesa da categoria, quando não ouviu a base que estava disposta a endurecer com as atitudes do governo, quando foi partidarista e deixou que determinada Senadora viesse aqui e vendesse nossa greve, quando sem consulta a base muda local de assembléia para tentar manipular resultados.
3 – Os políticos, que em sua maioria não sabe a etimologia dessa palavra, que vem do radical grego "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), muitos de nossos deputados não sabem nem o que significa etimologia, quanto a etimologia de uma palavra. E ainda são indicados para presidirem a comissão de educação. Não sabem que sua candidatura pertence ao povo e nesse caso entenda-se povo como os alunos e a comunidade escolar como um todo, que ficou dois meses sem aula por falta de postura desses que deveriam legislar pelo bem comum e não o fazem, mas advogam em causa própria já pensando na próxima eleição, não gostaria de pensar que muitos de meus colegas professores vão entrar nesse barco e remar para o lado do poder.
4 – A comunidade escolar, que inerte a tudo o que acontecia, aceitava a fala da mídia e acreditava que aquela era a verdade, e quando tomou uma atitude numa dita associação de pais pressionou os professores que já cansados dos tratamentos dispensados pelo governo e representantes sindicais acabaram voltando a sala sem muitos ganhos.
5 – As SDRs as Secretarias de desenvolvimento local, quando não se posicionou pelo que é justo e correto de acordo com a lei, nós professores só queríamos ver cumprido aquilo que estava estipulado em lei. Mas os gerentes de educação não tomaram postura, nem defenderam a luta pelo melhor para a comunidade escolar, pois foram e são na verdade Lobo Mau vestidos de Vovózinha, ao bom entendedor meia palavra basta, e vai entender o trocadilho.   
6 – Os professores; não podemos nos eximir de nossa culpa, mas entendam nesse momento de minha fala e não me entendam mal, mas penso que somos também culpados quando levamos tanto tempo para nos posicionar contrário a esses dois governos que se sucederam e que no total vão durar 12 anos, serão no final 12 longos anos de opressão e não avanço na categoria dos profissionais da educação. Sugiro que façamos um ato de repúdio na próxima eleição, boicotando esses que nos traíram em momento tão crucial de nossa luta.